segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A sua empresa está criando ou destruindo valor?

A questão aparentemente complexa na verdade deveria estar presente no dia a dia de todas empresas, pois como veremos mais adiante, não basta apenas gerar lucro; a empresa também tem de criar valor para seus proprietários.

Olhando para as empresas brasileiras, constatamos que a grande maioria está calcada num modelo de gestão com controle familiar, característica típica de vários países emergentes. Essa característica vem sendo alterada pelo ingresso no país de grupos econômicos com sede em economias mais desenvolvidas e com modelos de gestão que estabelecem compromissos de seu corpo diretivo com a criação de valor para a empresa, substituindo o modelo familiar que premia colaboradores mais por sua lealdade e obediência do que por desempenho financeiro.

Esse modelo de gestão alinha interesses dos gerentes com o dos proprietários, fazendo com que os primeiros busquem em todas as suas ações a geração de valor para os proprietários e estes, por sua vez, a remunerar seus principais executivos pela contribuição de cada um na geração de valor, ou maximização da riqueza dos proprietários.

De tempos em tempos, nos deparamos com novos conceitos em administração e finanças, cuja aplicação nos remete a conceitos já conhecidos, mas que sob nova roupagem, se apresentam como conhecimento técnico moderno, quando na verdade, não passam de conceitos já utilizados, porém reciclados.

É o caso do EVA® – Valor Econômico Agregado. Trata-se de uma medida de desempenho, para mensurar o quanto de valor está sendo criado ou destruído pela empresa. Em síntese, a fórmula é relativamente simples, pois parte do princípio de que o capital empregado no negócio deve ser remunerado, e se o resultado gerado na operação, depois de descontados custos e despesas operacionais, não for superior à expectativa de remuneração do capital investido pelo acionista no negócio, a empresa não vem agregando valor, mas sim destruindo. Na verdade, o método mede o desempenho com ênfase no custo do capital.

Esse conceito está sendo reciclado com esta nomenclatura EVA®, expressão inglesa que significa  conomic Value Added ou em português Valor Econômico Adicionado ou Agregado.

Uma empresa de consultoria americana, a Stern Stewart & Co., aproveitando-se do esquecimento dos profissionais da área, se apropriou do conceito dessa sigla, registrou a marca e vem já há algum tempo espalhando a boa nova pelo mundo.

Sem querer tirar o mérito da empresa de consultoria americana, que tão habilmente vem difundindo o conceito pelo mundo, não posso deixar de dizer que se trata de uma idéia antiga com uma roupagem moderna, o que não invalida o propósito de mensuração quanto a agregar ou destruir valor ao negócio. Os economistas, e aí me incluo, chamam isso de lucro residual, econômico ou aluguel econômico.

A metodologia contempla de forma objetiva o quanto está sendo remunerado o capital do acionista. E partindo da premissa de que o objetivo da administração é criar valor para o acionista, precisamos determinar o valor da empresa e monitorá-lo permanentemente, para observamos se a criação de valor está se confirmando ou se seu capital vem sendo destruído, mesmo que dividendos venham sendo pagos continuadamente.

Criar valor para o acionista em essência significa elevar o valor da empresa, portanto o termo adicionado está empregado no sentido de algo mais. Todavia, a criação de valor para o acionista é uma batalha que se ganha no dia a dia com muita criatividade para identificar, analisar e implantar projetos que adicionem valor para os acionistas. Projetos que ofereçam uma taxa de retorno superior ao custo de oportunidade que esses acionistas teriam, caso investissem seus recursos em outras opções do mercado financeiro.

Por ser um cálculo financeiro, o EVA® não leva em conta o risco em uma operação desenvolvida no mercado financeiro. O cálculo é simples: deduz-se do lucro operacional líquido uma cobrança pelo volume de capital empregado no negócio / empresa. Esse capital corresponde à soma do capital de giro, ativo permanente e outros ativos operacionais, multiplicados por uma taxa de juros – custo de capital de terceiros – e uma taxa de risco – custo do capital próprio. A essa taxa chamamos de custo médio ponderado do capital – CMPC. Se o resultado for positivo, a empresa tem EVA® positivo e criou valor durante o período analisado. Se for negativo, então a empresa destruiu valor e seus proprietários estão perdendo dinheiro. A formula é a seguinte...

EVA® = ROL – CMPC% . (CT)

ROL é o Resultado Líquido Operacional depois dos impostos, CMPC% é o Custo Médio Ponderado de Capital e CT é o Capital Total. Dessa forma, a título de exemplo, se o capital aplicado num negócio é da ordem de US$ 1.000.000 e o custo atribuído a esse capital for de 15%, seu retorno esperado será de US$ 150.000. Se o lucro operacional líquido apurado for de US$ 250.000, seu EVA® será de US$ 100.000; significa que ela agregou valor em mais US$ 100.000 para seus proprietários.

Se partirmos do princípio que uma empresa é o conjunto de projetos em operação, devemos trabalhar para melhorar sua eficiência operacional, financeira e racionalizar o uso do capital visando aumentar sua geração de valor. Obviamente, outros fatores contribuem para o sucesso das empresas, mas o enfoque de geração de valor pressupõe que os criadores de valor na empresa necessitam ter criatividade para identificar, analisar e implantar projetos que criem valor para os acionistas.

Podemos concluir, então, que o objetivo da administração de uma empresa é de elevar seu valor para os acionistas através da melhoria e implantação de projetos que ofereçam um retorno superior ao custo do capital, e que uma empresa bem administrada deverá ter sempre calculado e monitorado seu valor.

São quatro os direcionadores para criação de valor para os acionistas...

Eficiência operacional


Cortar custo e reduzir a carga tributária para aumentar o resultado operacional líquido, operando de forma mais eficiente para garantir um retorno maior sobre o capital investido no negócio.

Eficiência financeira


Efetivar investimentos nos quais o resultado operacional líquido seja maior do que o aumento de encargos de capital. Ou seja, empreender projetos cujo fluxo de caixa a valor presente seja positivo.

Crescimento rentável


Não investir em ativos e atividades que não estejam gerando retornos iguais ou maiores do que o custo de capital.

Racionalização do capital


Estruturar as finanças da empresa de forma tal que minimizem o custo de capital.

O EVA® é uma maneira fundamental de medir e gerir o desempenho empresarial que tem raízes tão antigas quanto o próprio capitalismo. Esse conceito de criação de valor está cada vez mais presente nas empresas. Não se trata de uma panacéia, nem a razão de seu sucesso; mas como medida de desempenho, deve ser inserido no sistema de gestão financeira e monitorado permanentemente.

E agora você poderia responder a questão inicial: A sua empresa está criando ou destruindo valor? Espero que os responsáveis pela gestão das empresas estejam preocupados em responder a essa questão, pois atualmente muitas empresas estabelecem remuneração variável em função da geração de valor obtida. É uma tendência irreversível que nos obriga incondicionalmente a exercermos nossa criatividade como agentes criadores de valor para a empresa e por conseguinte aumentando a riqueza de seus proprietários / acionistas.

Fonte
HERRERA, Roberto. A sua empresa está criando ou destruindo valor? [S.l.: s.n.].

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