segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Habilidades para adicionar valor à companhia.

A contabilidade surgiu para prestar informação ao dono da empresa. Com o advento do mercado de capitais, das auditorias, que se distanciavam da figura do administrador, houve a necessidade de que a contabilidade reportasse informações para esses novos usuários.

Surge então a contabilidade geral, a de custos e a contabilidade financeira, para prestar informações aos usuários externos. Saiu-se da contabilidade inicial, que era a de apenas informar aos gestores da empresa para tomada de decisão, e passou–se, então, a gerar informação ao usuário externo, explica o sócio da Integral Consultoria Empresarial, Paulo Roberto Pinheiro.

Com o advento da tecnologia da informação dando velocidade na apuração dos dados, surge novamente a contabilidade como uma ferramenta de utilização para os modelos de gestão. A contabilidade gerencial é a reunião dos quatro cômputos empresariais, ou seja, contabilidade geral ou financeira, contabilidade de custos, a de planificação – orçamento empresarial – e as estatísticas empresariais. Unindo tudo isso, surgem os sistemas de informação gerenciais, afirma Pinheiro.

O contador que se limitava aos conhecimentos contábeis, que se contentava com a formação média e que só fazia para o cliente o que a legislação fiscal determinava, está definitivamente condenado ao desaparecimento. Os novos tempos requerem um novo perfil de profissional, mais compromissado com o sucesso dos resultados de seus clientes. Um verdadeiro parceiro, que pensa e age, ressalta o gerente de planejamento tributário da Dana Albarus, Raul Alves Cortepasse.

A contabilidade gerencial é um dos instrumentos mais poderosos para subsidiar a administração de uma empresa. Seus relatórios abrangem os diferentes níveis hierárquicos e funcionam como ferramentas indispensáveis nas tomadas de decisões, causando forte influência no processo de planejamento estratégico empresarial e no orçamento.

Suas técnicas são personalizadas para atender a cada tipo de empresa, desenvolvidas para atender as necessidades de seus usuários, podendo ser voltada para a entidade como um todo ou em partes. Realiza, ainda, controles específicos como o controle de custos de produção para formação do preço de venda.

Todas as empresas, independentemente de seu porte, devem utilizar a contabilidade gerencial para direcionar seus negócios, utilizando-a também como um instrumento de análise de desempenho e de monitoramento dos resultados auferidos, pois tal prática proporcionará segurança nas operações presentes e futuras.

O atual foco das pesquisas sobre a missão das entidades empresariais, explica Cortepasse, está centrado no conceito de criação de valor, associado ao processo de informação gerado pela contabilidade para que as entidades possam cumprir adequadamente sua missão. O atual estágio da contabilidade gerencial está centrado no processo de criação de valor por meio do efetivo uso dos recursos empresariais. Assim, o conceito de criação de valor na contabilidade gerencial, como em finanças, está ligado ao processo de geração de lucro para os acionistas.

Pinheiro explica que hoje existe uma grande confusão acerca da contabilidade financeira, de custos e gerencial. A contabilidade gerencial não se preocupa apenas com a gestão dos recursos, ela é uma gestão de custos e receitas, preocupa-se com o resultado. Ela surge como uma ferramenta que está atrelada aos modelos de gestão, interagindo com as contabilidades financeira e de custos. É uma ferramenta que permite aos gestores do negócio saberem se têm capacidade ou não de competitividade no mercado.

Para os especialistas, a contabilidade gerencial é hoje uma área extremamente atrativa, na qual é possível encontrar profissionais de diversas áreas, como da administração de produção e de tecnologia da informação. Mas quem teria plenas condições de levar a concepção de um sistema de gestão utilizando essa ferramenta são os profissionais da contabilidade, afirma Pinheiro.

Implicação das mudanças na contabilidade gerencial

A contadora e professora Maria Elisabeth Pereira Kraemer, em um artigo científico sobre a contabilidade gerencial, afirma que mudanças importantes na tecnologia, o esforço de diminuir inventários, bem como a necessidade de eliminar atividades que não adicionam valor aos produtos, fizeram com que alguns conceitos e técnicas de custeio viessem a ser contemplados como mais capazes de evidenciar os custos de produção e de produtos do que as tradicionais técnicas de custeio. Hoje, a necessidade de um sistema contábil nas empresas é uma realidade. O sistema deve possibilitar um controle eficaz e fornecer à administração todas as informações concernentes à situação patrimonial e financeira e aos resultados obtidos.

A visão da empresa como um todo e a definição das necessidades representam as premissas básicas para a eficácia do processo. Cabe ressaltar, escreve Maria Elisabeth, a importância da participação do contador, por ser a contabilidade uma área de alto grau de interação com as demais.

Os informes da contabilidade gerencial, não raras vezes, são de pouca valia para os gerentes operacionais, no seu empenho de reduzir custos e melhorar a produtividade. Tais informes afetam, com freqüência, a produtividade, por demandarem tempo os gerentes operacionais, tentando entender e explicar divergências apresentadas, pouco a ver com a realidade econômica e tecnológica de suas operações, destaca.

Cada empresa tem seus produtos, sua tecnologia de produção, administrando-os dentro de conceitos que julga mais adequados a sua realidade produtiva, e trabalha dentro de uma filosofia de qualidade gerencial e de produtos, que deve permear por toda a empresa.

Isso conduziu os profissionais da contabilidade a redesenhar seus sistemas de informações gerenciais, incorporando novos conceitos que melhor retratam as alterações nos métodos de administração de produção. Portanto, a contabilidade gerencial deve consistir de um sistema de informações atualizadas.

Controladoria voltada para o futuro da empresa

A controladoria, no exercício da função contábil gerencial, pode monitorar adequadamente o processo de geração de valor dentro da empresa, preocupando-se com a geração de lucros, mas também com a continuidade da companhia. Para o gerente de planejamento tributário da Dana Albarus, Raul Alves Cortepasse, não é suficiente a produção de lucros, pois os lucros precisam ser gerados considerando as estratégias de médio e longo prazos, as expectativas dos acionistas, a satisfação dos clientes, a preservação do meio ambiente, a ética dos negócios, a motivação dos colaboradores, a evolução tecnológica e as ameaças dos concorrentes.

Nesse ambiente acirrado de competição, a contabilidade gerencial ganha destaque, pois irá subsidiar e monitorar as decisões que serão determinantes para a obtenção de maiores ou menores lucros para a organização, destaca Cortepasse. Assim, a contabilidade gerencial está voltada ao gerenciamento das operações presentes e também das operações no futuro.

A contabilidade gerencial deve suprir, através do sistema de informação contábil gerencial, todas as áreas da companhia. Como cada nível de administração dentro da empresa utiliza a informação contábil de maneira diversa, cada qual com um nível de agregação diferente, o sistema de informação contábil deverá providenciar que a informação contábil seja trabalhada de forma específica para cada segmento hierárquico da companhia. O gerente da Dana Albarus afirma que esse sistema de informações funciona a partir dos seguintes elementos: sistema de custeio, orçamento plurianual, controle orçamentário e programas de melhorias contínuas –benchmarking, mapeamento de processos e programas de valorização de idéias.

Mesmo em uma economia altamente competitiva, na qual muitas vezes o preço de venda é determinado pelo mercado, é de suma importância a determinação adequada de quanto custa produzir uma mercadoria ou qual o custo de aquisição de um bem para ser usado no processo de industrialização ou para ser revendido, ensina.

Porém, a cada ano, essa é uma tarefa mais desafiadora pelas dificuldades impostas por nossa cultura, explica o especialista, tais como: cálculo das depreciações pelo método mais simples – método linear –, sem considerar a verdadeira estimativa de vida útil dos bens, contabilização de algumas formas de imobilizado, como despesa e alto custo com impostos e juros embutidos no custo de produção. Além desses tradicionais inconvenientes, temos, ainda, o fato de que, a cada ano, o legislador fiscal busca, através de manobras tributárias e fiscais, aumentar a receita do governo, sem se importar se essas mediadas estão de acordo com as normas internacionais de contabilidade ou, em muitos casos, se estão ou não de acordo com a nossa constituição, ataca. Nesse cenário, a contabilidade gerencial, através das áreas de controladoria, é de fundamental importância para as empresas poderem tomar decisões.

A contabilidade ainda é vista como um mal necessário dentro da empresa, explica o sócio da Integral Consultoria Empresarial, Paulo Roberto Pinheiro. A contabilidade é vista hoje como o maior vaso comunicante dentro da organização. Se existe um lugar em que estão centralizados todos os atos da gestão, ele está dentro da contabilidade, afirma. Para Pinheiro, os contadores precisam ver a contabilidade como geradora de informações para o planejamento e controle das operações para a maximização do lucro da empresa.


Fonte
HABILIDADES para adicionar valor à companhia. Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 26 jan. 2005. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/gestaocontabil.htm>. Acesso em: 04 jan. 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário